sábado, 8 de agosto de 2009

FICA SARNEY, O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS E A ESCOLHA PÚBLICA, DA QUAL POUCO SE FALA E SE PUBLICA.

Sai ou fica Sarney? Na prática, se não um punhal no ego do próprio, haverá diferença? Se fica, e Paulo “seu” Duque já arquivou quatro processos no conselho de (há-há-há) ética, tudo como “dantes no quartel de Abrantes” e se sai, não continua, como parda presença? Como tantos outros que não valem a tinta mencionar, mas basta a leitura dos diários, para refrescar a memória.
A política continua como política. Os recentes afagos de lulacollorsarney são de revirar estômagos mais fortes.
Estou no meio da leitura de O Ano da Morte de Ricardo Reis, já havia lido outros de Saramago, mas este é particularmente belo, digno de cabeceira, pois a partir de uma “pequena trama”, o mago consegue a cada página, criar uma página antológica da literatura, Nobel que é, justifica-se facilmente, na história deste heterônimo de Fernando Pessoa, voltando a Lisboa, após a morte do poeta:
...É duvidoso ter-se despedido Cristo da vida com as palavras da escritura, as de Mateus e Marcos, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste, ou as de Lucas, Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito, ou as de João, Tudo está cumprido, o que Cristo disse foi, palavra de honra, qualquer pessoa popular sabe que esta é a verdade, Adeus, mundo, cada vez a pior...
Outro Nobel, de 1966, o economista James Buchanan, acredita que sua Teoria da Escolha Pública pode explicar muitos problemas políticos e econômicos, tais como: porque proliferam grupos que defendem interesses escusos, regras governamentais que protegem os negócios em vez dos consumidores e persistente déficit orçamentário.
De forma muito simples, pois se os homens de negócios são egoístas, por que não supor que os políticos também o sejam? Ainda mais se em sua grande maioria, não são ao mesmo tempo, empresários e políticos? O que o empresário tenta sempre maximizar, se não seu próprio lucro?
Por acaso existe algum grupo fazendo “lobbie” no Congresso para fomentar a riqueza nacional? Ridiculamente fácil de provar, até matematicamente, porque não interessa e não compensa.
Outro economista, o polaco marxista Michal Kalecki, ampliou esta teoria e a exemplo de Marx, com seus “Ciclos Econômicos do Capitalismo”, denominou “Ciclo Político”, uma gangorra de interesses e de manipulação macroeconômica, em função de eleição e reeleição. Podem-se apontar muitos exemplos nacionais, vide Plano Cruzado, FHC II e recentemente o PAC, mas posso guardar assunto para outro postagem.
...Talvez Fernando Pessoa lhe responda, como outras vezes, Você bem sabe que eu não tenho princípios, hoje defendo uma coisa, amanha outra, não creio no que defendo hoje, nem amanhã terei fé no que defenderei...
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O retrato colorido é de Fernando Pessoa, a pequena P&B de Buchanan e a um tanto maior também em P&B de Kalecki. Embaixo do saco de papel, provavelmente político corrupto, tendo de se escoder...

5 comentários:

Ane Brasil disse...

CAramba, o ano da morte de Ricardo dos Reis é tão lindo que até tirou minha bronca com Lisboa... mas eu considero que você tenha cometido um gravíssimo sacrilégio ao misturar o "Sal amargo" com sarney e quejandos... hehehe
Buenas, mermão, mas, se não a escolha pública o que nos restará então?
Sorte e saúde pra todos!

Dora disse...

Renato! Misturar Saramago( e Ricardo Reis...) com lulacollorsarney é sacrilégio!
Tudo bem que há outro Nobel aí, Buchanan(?).
Entretanto, onde está a novidade em "os homens de negócios são egoístas, por que não supor que os políticos também o sejam?"...
A gente SUPÕE, sim! Faz tempo!
Mas o que vale é ler você, nessa mistura que fez emergir um texto leve, ágil e interessante!
Valeu!
Beijos, moço!
Dora

Anônimo disse...

Realmente, O ano da morte de Ricardo Reis é um livraço! Quanto aos afagos lula-sarney, são de revirar o estômago e comprovam o que você demonstra logo abaixo, o egoísmo dos políticos. O que Lula e o PT fizeram, durante esses sete anos de governo, em nome da famigerada "governabilidade" e para tentar garantir resultado favorável na próxima eleição, é um malefício pior do que se avalia. A conivência do PT e do lulismo com a corrupção e a bandalheira - não custa lembrar que o partido tornou-se grande justamente porque defendia um outro jeito de se fazer política no país - desilidiu e frustrou muita gente. Eu, por exemplo. Ótima postagem, Um abraço.

Jens disse...

Oi Renato.
Sobre o imbróglio Sarney lembro da frase do chanceler Otto Von Bismarck: "As leis são como as salsichas. É melhor não ver como são feitas”. O mesmo se aplica à política em geral.
(Sei lá, acho que estou ficando cínico. Ou seria pragmático?)

Um abraço.

Marcelo F. Carvalho disse...

Renato, este foi o meu primeiro livro do Saramago. O que dizer? Li quase que todo o resto da obra! Fantástico exercício de Literatura, sim, senhor!
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Abraço forte!