O autor questiona a “lógica do
crescimento sistemático e irrestrito” (introdução), de certa forma, alinhando
seu discurso aos economistas austríacos (e alguns monetaristas): “Compram-se a
prazo o carro, a casa, a geladeira, o sobretudo, os sapatos. Uma hora, contudo,
será preciso pagar a conta” (apud Paul Hazard, p. 1), porém, não é assim a
lógica do sistema? “A crise não é uma falha do sistema, mas a forma pela qual
ele funciona”, mais uma vez citando Heilbroner.
“Sabe-se que a mera diminuição da
velocidade de crescimento mergulha nossas sociedades na incerteza” (p.5) e
vemos isso quase que diariamente, quando notícias de desaceleração na economia
chinesa ou no mercado consumidor, leva negativamente junto os índices das bolsa
de valores de “todo o mundo”, ocorrendo um derretimento dos ativos.
Desenvolvimento sustentável seria
“ao mesmo tempo um pleonasmo na definição e de um oximoro no conteúdo”, porque “o
desenvolvimento já é um self-sustaining qrowth (crescimento sustentável por si
mesmo” segundo Rostow, daí o pleonasmo e oximoro porque “o desenvolvimento não
é duradouro”, consequentemente não é sustentável! (p.8)
O autor relembra que este
questionamento remonta a Malthus (p.13), firmando que “quem acredita que um
crescimento infinito é possível em um mundo finito, ou é louco ou é economista”
(apud Kenneth Bouldind, p. 16). “Nosso crescimento econômico excessivo choca-se
com os limites da finitude da biosfera” (p. 27)
Apud Bernard Maris (p. 16), tal
qual Schumpeter, nos diz que “toda a atividade dos comerciantes e dos
publicitários consiste em criar necessidades (...) [exigindo] uma taxa de
rotatividade e de consumo”
“Três ingredientes são
necessários para que a sociedade de consumo possa prosseguir na sua ronda
diabólica: a publicidade, que cria o desejo de consumir, o crédito, que fornece
os meios; e a obsolescência acelerada e programada dos produtos” (p.17-18)
“A publicidade constitui o
segundo maior orçamento mundial depois da indústria de armamentos” (p. 18), “mais
de 500 bilhões de despesas anuais”, considerando o conjunto do globo.
Os modernos aparelhos são
programados para quebrar, atestamos isso quando percebemos que “em prazos cada
vez mais curtos, os aparelhos e equipamentos, as lâmpadas elétricas, [enfim,
tudo] entra em pane devido a uma falha intencional de um elemento, sendo na
maioria das vezes “impossível encontrar uma peça de reposição ou alguém quem
conserte” (p. 21).
“A uma taxa de crescimento de 3%,
multiplica-se o PIB por 20 num século, por 400 em dois séculos, por 8 mil em
três séculos! Se este crescimento produzisse mecanicamente o bem- estar,
deveríamos viver hoje num verdadeiro paraíso” (p.25).
A solução para o autor, teria que
acontecer inexoravelmente pela via da redistribuição, com uma “reestruturação
das relações sociais”, seja entre Norte e Sul, classes sociais e gerações. Esta
reestruturação/redistribuição teria um “efeito positivo sobre a redução do
consumo”, pois diminuiria a “incitação ao consumo ostentatório”, quando na
ótica de Thorstein Veblen (uma idéia que ao extremo desampararia o conceito de
lutas de classes marxista) “o desejo de consumir depende menos da existência de
uma necessidade do que do desejo de afirmar seu status imitando o modelo
daqueles que estão acima de nós” (p. 48)
Latouche, Serge. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,
2009
Um comentário:
Post ótimo.
Vou comprar o livro.
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