domingo, 19 de abril de 2015

Aos investidores (Abril)

Estamos em abril, já tendo passado o famoso dia da mentira, então tratemos de ficar bem longe dela...

Último post sobre investimentos recomendava naturalmente posições diversificadas (antes de alavancar ganhos, desejamos proteger patrimônio), algumas envolvendo risco, mas alocando percentuais menores neste ponto;

Entretanto para minha “sorte”, até as posições de risco (a priori câmbio) mostraram-se por demais vantajosas;

Vamos a algumas ponderações sobre este mês:

Nosso principal medo é sistêmico, ou seja, que toda a atual conjuntura negativa de não crescimento da economia, vide o já baixíssimo PIB e perspectivas negativas quanto ao mesmo (baixa) e previsão de IPCA crescente, reflitam na economia “como um todo”;

Sabemos que deterioração nas expectativas se tornam deteriorações “reais”, pois a falta de confiança prejudica o consumo, a falta deste prejudica o investimento e cria todo um efeito dominó perverso;

Desta forma, devemos buscar alocações que não sejam (ou que sejam o menos possível) afetadas pelo risco de mercado, por exemplo: no caso de ações, empresas distribuidoras de energia elétrica, uma vez que vendem algo essencial para as famílias, empresas e governos (apesar de aumento das tarifas gerarem redução de consumo...);


A taxa de juros subiu, em clara política monetária contracionista – para arrefecer a inflação - e tentando atrair capital internacional. Tal entrada de dólares acaba por segurar um pouco a alta do mesmo (pela maior oferta) e torna mais competitiva nossas exportações;

Mas esta alta da moeda americana deu-se em todo o mundo, com desvalorizações tanto do Iene como do Euro, contra a moeda americana, portanto é um movimento cíclico mundial e não localizado no Brasil;

Cotação do US$ entre ago\2014 e mar|2015


Já se vem falando há um bom tempo do aumento da taxa básica americana (Fed Founds) e concretamente vem ocorrendo, entretanto bem lentamente (ainda bem), contra um mercado que apostava em movimentos mais arrojados;
O gráfico abaixo nos assusta quando imaginamos a possibilidade de uma volta aos níveis entre 2006 e 2008...

A Europa que mostrava um passo por demais lento, beneficiou-se da queda mundial dos preços do petróleo, ao que sobrou mais base monetária, a mesma está sendo imediatamente transferida para um consumo por demais reprimido e este consumo (e expectativa) está prometendo um crescimento mais robusto do que era apontado meses anteriores – o perigo é depender por demais desta variável exógena: petróleo;

O Banco Central chinês acena com nova política de incentivos. Até quando eles vão conseguir manter aquecida aquela economia¿ Os fundamentos macroeconômicos nos ensinam que não é possível manter este moto-continuo de crescimento, vide o que os EUA purgaram recentemente via “sub-prime“. A aposta chinesa está em que o “mercado” fica constantemente sob vigilância do Estado. Só o tempo dirá se estavam certos ou não...

Até onde irá a desvalorização do real (e nossa possível aposta em fundos cambiais)? O dólar se encontra no maior nível em termos reais desde 2009;

Somente antes, em outubro de 2002 o dólar “batia” 4,00 – em um momento crítico de nossa economia. Temendo um default da dívida, por causa de movimentos políticos e situação muito adversa na vizinha Argentina fizeram os investidores demandarem dólares numa magnitude que nossas parcas reservas da época não puderam suportar. Hoje temos reservas substancialmente maiores, entretanto nossa vizinha parece possuir vocação para crises econômicas e uma crise em “Los Hermanos” inexoravelmente seria sistêmica ao Brasil;
Enfim, quanto mais frágil for nossa economia, mas sensível estamos aos solavancos externos;

Cotação do dólar entre 2000 e 2012

Recentemente o BC anunciou redução nas rolagens via swap cambial. Temos então uma “conta difícil”: equalizar estas rolagens, com a entrada de dólares e eventual fuga de capitais por motivos conjunturais (aumento do risco Brasil) e o manuseio de nosso déficit em transações correntes;
Contudo, o cenário negativo já vem sendo precificado pelo mercado faz tempo, seja com aumento dos juros bancários, TX DI, ações e câmbio – face que as expectativas atuam antes dos fatos;

Com previsão (do próprio governo) de 2 anos difíceis e dos mais céticos de até 10 anos para recuperação, podemos continuar inferindo potencial queda do real frente ao dólar, Ibovespa “cara” ao marcar neste cenário conturbado perto dos 50.000 pontos, somente ações (ou fundos formados por) resilientes ao cenário macro seriam boas indicações. A tabela abaixo mostra uma média ponderada pelo PL dos fundos de mesmo perfil dos nossos 3 principais bancos:

Fundos
Mar
Fev
2015*
12 meses
24 meses
36 meses
Ações Energia
3,51
7,50
4,80
8,66
-3,04
-23,55
Ações Exportação
2,67
6,15
3,86
1,15
-3,16
0,16
Cambial Dólar
12,39
6,61
18,95
41,94
60,28
78,28
Fundo em Renda Fixa
0,97
0,77
2,73
10,55
19,35
27,54
Fundo em DI
0,97
0,77
2,72
10,50
19,44
27,45
*Até 31/03/2015
O “porto-seguro” continua sendo Fundos atrelados a TX DI (ou LCA), Renda Fixa e Previdência, dada sua inigualável vantagem tributária e sucessória.
Sempre lembrando que rentabilidade passada não é prerrogativa de rentabilidade futura;

Ao dispor para maiores esclarecimentos,

domingo, 12 de abril de 2015

O Sistema de Preços




Os preços coordenam as diferentes ações das várias pessoas, do mesmo modo como os valores subjetivos ajudariam alguma mente onisciente a coordenar as diferentes partes do seu plano.
O todo age como se fosse um único mercado, porque os campos limitados da visão de cada um, tem alcance suficiente para que, através de inúmeros intermediários, a informação relevante fosse comunicada para todos – O sistema de preços age como um mecanismo de transmissão de informações.
Sem o sistema de preços, não poderíamos preservar uma sociedade baseada numa divisão de trabalho tão extensiva quanto a nossa. Sua utilidade essencial consiste em induzir o indivíduo a fazer aquilo que é do interesse geral, no instante em que busca realizar seus próprios interesses.

Em: Hayek, Friedrich A. - O uso do conhecimento na sociedade, 1945.